Arquivo do mês: julho 2011

E eu lentamente associei suas palavras, mas sabe quando você come bolacha água e sal sem tomar água? Era assim, não queria passar pela minha garganta.
Você tentou me dizer com toda delicadeza, eu sei. Era leve, mas era doído.
Você tentou ser gentil, me encheu de elogios,  “você é perfeita garota” não há nada que eu não goste em você…
Mas como ser feliz sem você? Você disse que gostava muito de mim, mas que nós, eu e você, não era pra ser. Frustrante. Agonizante. Inacreditável. Chorei. Me partiu o coração. Minha cabeça doeu dias seguidos, e eu confesso, até achei que iria morrer.
Mas eu não sei como, não sei quando, eu comecei a me desapegar de você. Sabe aquilo tudo de sentir seu cheiro em todo lugar? Não sentia mais. Nem via seu rosto em todos os rostos por aí, talvez seja porque eu havia parado de procurar.
Se você quer saber, eu estava bem, muito bem. Parecia que as cores estavam voltando no meu mundo encobrindo todo esse cinza escuro com o qual você insistiu em pintar minha vida. A comida estava voltando a ter gosto, e eu já conseguia comer o prato todo, sem sobrar nada. E agora, que as piadas começaram a ter graça novamente, me vem você. Me aparece com seu sorriso lindo, e esses olhos que me encantam… Me rouba, me traz pra ti novamente, e nunca fuga súbita some novamente da minha vida. Sabe eu tenho tanta coisa pra te falar! Eu te chingaria dos nomes mais absurdos, eu contaria de como você me deixou, e de tudo o que você me fez passar (!), porém não importa o quanto eu tente resistir, toda hora que você aparece, você me desarma.


Minha vida é como um castelo de cartas, daqueles difíceis de se construir. Daqueles trabalhosos, que demoram horas. Daqueles que quando se está terminando, desmorona, e não resta mais nada, se não começar tudo de novo. E lá estou, juntando meus cacos.

Cada carta é um pedaço de mim, e o mais incrível é que não sou só eu quem as coloca, vem alguns rostos conhecidos e colocam uma carta ou outra, e raras vezes vem algum desconhecido e faz a graça de colocar uma também.

Sendo assim, nem eu sei quais são todas as cartas, fazendo com que eu não me conheça por inteiro (merda), e que eu me surpreenda quase todo dia comigo (dor).

Alguns param para admirar o castelo e bater palmas quando alguém adiciona mais alguma carta, alguns dão uma assoprada maldosa afim de destruir o castelo “tão frágil”, mas magicamente, ele não se move. Aí vem você, e como se já soubesse o truque, tira a carta coringa, aquela mais abaixo de todas, a base.

DESASTRE!



Dentro Da Baleia (via William Barter)

Dentro Da Baleia Eu queria ter na vida, simplesmente, um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher… Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela, para ver o sol nascer. Parafraseando Gilson, de sua canção Casinha Branca, afirmo, com todas as letras que vão aí em cima: pouca coisa me basta. A felicidade que o mundo quer é feita de plástico. Cada um tem seu mistério, seu sofrer, sua ilusão. Mais um pedaço da música do meu amigo Gilson, digo “ami … Read More

via William Barter



Não escolhemos por quem nos apaixonamos. E nunca acontece como deveria.

 


“Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa”

Caio F. Abreu


“Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és…”

Caio F. Abreu


“Enumerou: tarde demais para a alegria, tarde demais para o amor, para a saúde, para a própria vida, repetia e repetia para dentro sem dizer nada, tentando não olhar os reflexos do sol cinza nos túmulos do outro lado da avenida.”

Caio F. Abreu


Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa”.

Clarice Lispector in Aprendendo a Viver .